sábado, 10 de outubro de 2009

Ex Presidente no NES lesa o NES em 3.500€

Actual direcção do Núcleo de Estudantes de Sociologia acusa a antecessora do desvio demais de 3.500 euros e de ter exercido funções associativas sem estar inscrita no curso
A candidata Mafalda Pereira, que surge em sexto lugar nas listas da CDU para a Assembleia Municipal de Coimbra, é acusada pela actual direcção do Núcleo de Estudantes de Sociologia da Associação Académica de Coimbra (NES/AAC) de «desvio de fundos, enquanto desempenhava semelhantes funções no ano lectivo anterior.
Em conferência de imprensa, Raúl Guerra e Patrícia Rebelo apresentaram um conjunto de documentação, que indica que Mafalda Pereira terá desviado 3.529,58 euros durante o seu mandato. Recorrendo ao relatório de contas de 2008/2009, a nova direcção esperava começar a trabalhar com os 2.331 euros declarados, no entanto, no banco tem pouco mais do que 185 euros, que ainda nem pode movimentar.Raúl Guerra e sua equipa tomaram posse no dia 3 de Julho e foi-lhes entregue 100 euros, que estariam no cofre. No entanto, qual não é o espanto do jovem estudante quando, já com o extracto bancário na mão, percebe que a antiga colega teria procedido ao levantamento dessa quantia no mesmo dia que o sucessor tomou posse.
Sabendo-se que o presidente que antecedeu Mafalda Pereira deixou um saldo de 3.935,48 euros na conta da Caixa Geral de Depósitos mais mil euros em cofre, alegadamente, não declarados no relatório de 2008/2009, há ainda a apresentação de uma despesa de 2.187,06 euros, que não corresponde ao extracto bancário, que indica 3.774,74. Isto é, para as contas, fica a diferença de 1.487,68 euros. Raúl Guerra frisou ainda que a única iniciativa que deu lucro no polémico mandato foi a “Noite dos Horários”, mas também aqui as contas não batem certo. Mafalda indica o valor de 583 euros, quando o que os quatro núcleos da Faculdade de Economia receberam foi 724,62 euros.Depois, há ainda o investimento de 500 euros para venda de bebidas na altura da Latada, «mas chegou-se ao final da noite com um prejuízo a rondar os 400 euros. Recorrendo a uma “tabela de diferenças” entre o que apresentava o relatório e o extracto do banco, os estudantes de Sociologia chegam à conclusão que, em 2008, Outubro foi o mês em que o “desfalque” terá sido maior: foram declarados 79,14 euros, mas o extracto bancário indica levantamento de 558,19 euros. Em 2009, em Fevereiro, a diferença entre o declarado e não declarado atinge o máximo de 910 euros, com registo em quase todos os meses de pequenas diferenças, que, no total, chegam aos 1.487,68 euros.

Visada não estava matriculada
Somando tudo, os jovens chegam à conclusão que estão a faltar mais de 3.500 euros.Lamentando o que consideram de «gestão danosa», a direcção do NES/AAC veio também a saber que Mafalda Pereira «nunca apresentou qualquer tipo de contas na tesouraria da AAC», o que fez com o núcleo perdesse um conjunto de regalias a que tinha direito. Porque para efeitos fiscais, o ano lectivo de 2008/2009 não existiu, os estudantes de Sociologia perderam, por exemplo, o direito de utilizar gratuitamente os autocarros da AAC.Depois de várias tentativas, a direcção do Núcleo de Estudantes de Sociologia nunca terá conseguido chegar à fala com Mafalda Pereira, no entanto, na sequência da queixa encaminhada para o Conselho Fiscal da Direcção Geral da Associação Académica, apresentada em Setembro, a jovem ter-se-á comprometido em entregar cerca de dois mil euros que alegadamente tem na sua posse.Mas, a história não termina sem que Raúl Guerra descobrisse que a sua antecessora, no ano passado, não estava inscrita em qualquer disciplina, conforme consta de uma informação prestada por uma das professoras coordenadoras do curso de Sociologia.Para já, não há qualquer intenção de se avançar para tribunal, no entanto a direcção do NES/AAC considera que a cidade tinha de saber, antes das eleições, o que se está a passar, «porque a Mafalda andou a brincar com uma instituição com mais de 700 anos, que é a Universidade de Coimbra».Com 185 euros no banco, que ainda não pode movimentar, o Núcleo de Estudantes teve de recorrer à ajuda dos colegas de Gestão para poder dar o apoio de sempre aos caloiros, oferecendo-lhes t-shirts e o tradicional kit. Com a solidariedade da faculdade, Raúl Guerra e Patrícia Rebelo dizem que estão cheios de «força de vontade e motivação» para enfrentar o mandato, mantendo a esperança de receber, pelo menos, parte da verba que dizem ter sido desviada.O Diário de Coimbra tentou obter esclarecimentos de Mafalda Pereira, mas os esforços foram infrutíferos. Da parte do Conselho Fiscal, confirma-se a queixa, no entanto, como o processo se encontra «em análise», este órgão prefere não tecer comentários nesta fase. CDU fala em aproveitamentolamentável do problema«A tentativa de transformar um problema interno da vida associativa num caso com repercussões eleitorais não pode deixar de ser lido como um acto de instrumentalização lamentável», reagiu a CDU. Em comunicado, a Coligação Democrática Unitária critica que só agora, a poucos dias das eleições, a direcção do núcleo tenha decidido fazer eco dos factos, alertando para «os perigos de julgamentos da praça pública».No entanto, garante que serão tomadas providências para o «apuramento definitivo das responsabilidades» e, se se confirmarem as irregularidades apontadas, Mafalda Pereira não assumirá mandatos em nome da coligação.

in Diário de Coimbra

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